sexta-feira, 26 de março de 2010
Momento
Tenho em mim todas as vontades,
todas as loucuras.
As que não vivi,
as que não sofri
e nem sequer conheci.
É assim meu coração,
sem passo,
compasso.
Sem você é demais pra mim.
(Murilo)
Poema de D. Marcos Barbosa
Puseste o teu anel no meu dedo.
Não só o anel,
Mas a palavra e o coração.
E a vida.
E o círculo dos anos,
O círculo dos dias,
O círculo das horas.
O pranto e a alegria.
Não só o anel,
Mas a palavra e o coração.
E a vida.
E o círculo dos anos,
O círculo dos dias,
O círculo das horas.
O pranto e a alegria.
segunda-feira, 22 de março de 2010
''Annabel Lee'', Edgar Allan Poe
It was many and many a year ago,
In a kingdom by the sea,
That a maiden there lived whom you may know
By the name of ANNABEL LEE;
And this maiden she lived with no other thought
Than to love and be loved by me.
I was a child and she was a child,
In this kingdom by the sea;
But we loved with a love that was more than love-
I and my Annabel Lee;
With a love that the winged seraphs of heaven
Coveted her and me.
And this was the reason that, long ago,
In this kingdom by the sea,
A wind blew out of a cloud, chilling
My beautiful Annabel Lee;
So that her highborn kinsman came
And bore her away from me,
To shut her up in a sepulchre
In this kingdom by the sea.
The angels, not half so happy in heaven,
Went envying her and me-
Yes!- that was the reason (as all men know,
In this kingdom by the sea)
That the wind came out of the cloud by night,
Chilling and killing my Annabel Lee.
But our love it was stronger by far than the love
Of those who were older than we-
Of many far wiser than we-
And neither the angels in heaven above,
Nor the demons down under the sea,
Can ever dissever my soul from the soul
Of the beautiful Annabel Lee.
For the moon never beams without bringing me dreams
Of the beautiful Annabel Lee;
And the stars never rise but I feel the bright eyes
Of the beautiful Annabel Lee;
And so, all the night-tide, I lie down by the side
Of my darling- my darling- my life and my bride,
In the sepulchre there by the sea,
In her tomb by the sounding sea.
In a kingdom by the sea,
That a maiden there lived whom you may know
By the name of ANNABEL LEE;
And this maiden she lived with no other thought
Than to love and be loved by me.
I was a child and she was a child,
In this kingdom by the sea;
But we loved with a love that was more than love-
I and my Annabel Lee;
With a love that the winged seraphs of heaven
Coveted her and me.
And this was the reason that, long ago,
In this kingdom by the sea,
A wind blew out of a cloud, chilling
My beautiful Annabel Lee;
So that her highborn kinsman came
And bore her away from me,
To shut her up in a sepulchre
In this kingdom by the sea.
The angels, not half so happy in heaven,
Went envying her and me-
Yes!- that was the reason (as all men know,
In this kingdom by the sea)
That the wind came out of the cloud by night,
Chilling and killing my Annabel Lee.
But our love it was stronger by far than the love
Of those who were older than we-
Of many far wiser than we-
And neither the angels in heaven above,
Nor the demons down under the sea,
Can ever dissever my soul from the soul
Of the beautiful Annabel Lee.
For the moon never beams without bringing me dreams
Of the beautiful Annabel Lee;
And the stars never rise but I feel the bright eyes
Of the beautiful Annabel Lee;
And so, all the night-tide, I lie down by the side
Of my darling- my darling- my life and my bride,
In the sepulchre there by the sea,
In her tomb by the sounding sea.
TRADUÇÃO DE FERNANDO PESSOA
Foi há muitos e muitos anos já,
Num reino de ao pé do mar. Como sabeis todos, vivia lá
Aquela que eu soube amar;
E vivia sem outro pensamento
Que amar-me e eu a adorar.
Aquela que eu soube amar;
E vivia sem outro pensamento
Que amar-me e eu a adorar.
Eu era criança e ela era criança,
Neste reino ao pé do mar;
Mas o nosso amor era mais que amor --
O meu e o dela a amar;
Um amor que os anjos do céu vieram
a ambos nós invejar.
Neste reino ao pé do mar;
Mas o nosso amor era mais que amor --
O meu e o dela a amar;
Um amor que os anjos do céu vieram
a ambos nós invejar.
E foi esta a razão por que, há muitos anos,
Neste reino ao pé do mar,
Um vento saiu duma nuvem, gelando
A linda que eu soube amar;
E o seu parente fidalgo veio
De longe a me a tirar,
Para a fechar num sepulcro
Neste reino ao pé do mar.
Neste reino ao pé do mar,
Um vento saiu duma nuvem, gelando
A linda que eu soube amar;
E o seu parente fidalgo veio
De longe a me a tirar,
Para a fechar num sepulcro
Neste reino ao pé do mar.
E os anjos, menos felizes no céu,
Ainda a nos invejar... Sim, foi essa a razão (como sabem todos,
Neste reino ao pé do mar)
Que o vento saiu da nuvem de noite
Gelando e matando a que eu soube amar.
Ainda a nos invejar... Sim, foi essa a razão (como sabem todos,
Neste reino ao pé do mar)
Que o vento saiu da nuvem de noite
Gelando e matando a que eu soube amar.
Mas o nosso amor era mais que o amor
De muitos mais velhos a amar,
De muitos de mais meditar,
E nem os anjos do céu lá em cima,
Nem demônios debaixo do mar
Poderão separar a minha alma da alma
Da linda que eu soube amar.
De muitos mais velhos a amar,
De muitos de mais meditar,
E nem os anjos do céu lá em cima,
Nem demônios debaixo do mar
Poderão separar a minha alma da alma
Da linda que eu soube amar.
Porque os luares tristonhos só me trazem sonhos
Da linda que eu soube amar;
E as estrelas nos ares só me lembram olhares
Da linda que eu soube amar;
E assim 'stou deitado toda a noite ao lado
Do meu anjo, meu anjo, meu sonho e meu fado,
No sepulcro ao pé do mar,
Ao pé do murmúrio do mar.
Da linda que eu soube amar;
E as estrelas nos ares só me lembram olhares
Da linda que eu soube amar;
E assim 'stou deitado toda a noite ao lado
Do meu anjo, meu anjo, meu sonho e meu fado,
No sepulcro ao pé do mar,
Ao pé do murmúrio do mar.
domingo, 21 de março de 2010
''Mary and Max''
Assisti à animação Mary and Max e só tenho que aplaudir. Trata-se de uma animação feita de massinha, em que percebe-se um capricho excêntrico nos detalhes de cenários e personagens.
O tema abordado é a amizade e ao final me veio aquela frase que não me recordo de quem é: ''diga o que disserem, o mal deste século é a solidão''. Senti que o que vale na vida é uma verdadeira amizade e concluí que me sinto só. Mas só conferindo pra experimentar o agridoce sabor de Mary and Max.
Prepare-se para derramar algumas lágrimas por este filme (sejam de alegria, sejam de tristeza...)
Prepare-se para derramar algumas lágrimas por este filme (sejam de alegria, sejam de tristeza...)
Aqui vai uma sinopse que encontrei do filme:
Mary Dinkle (voz de Toni Collette), uma menina gordinha e solitária, de oito anos, que vive nos subúrbios de Melbourne, e Max Horovitz (voz de Philip Seymour Hoffman), um homem de 44 anos, obeso e judeu que vive com Síndrome de Asperger no caos de Nova York. Alcançando 20 anos e 2 continentes, a amizade de Mary e Max sobrevive muito além dos altos e baixos da vida. Mary e Max é viagem que explora a amizade, o autismo, o alcoolismo, de onde vêm os bebês, a obesidade, a cleptomania, a diferença sexual, a confiança, diferenças religiosas e muito mais.
''Verbos'', Carlos Drummond de Andrade
Sofrer é outro nome
do ato de viver.
Não há literatura
que dome a onça escura.
Amar, nome-programa
de muito procurar.
Mas quem afirma que eu
sei o reflexo meu?
Rir, astúcia do rosto
na ameaça de sentir.
Jamais se soube ao certo
o que oculta um deserto.
Esquecer, outro nome
do ofício de perder.
Uma inútil lanterna
jaz em cada caverna.
Verbos outros imperam
em momentos acerbos.
Mas para que nomeá-los,
imperfeitos gargalos?
do ato de viver.
Não há literatura
que dome a onça escura.
Amar, nome-programa
de muito procurar.
Mas quem afirma que eu
sei o reflexo meu?
Rir, astúcia do rosto
na ameaça de sentir.
Jamais se soube ao certo
o que oculta um deserto.
Esquecer, outro nome
do ofício de perder.
Uma inútil lanterna
jaz em cada caverna.
Verbos outros imperam
em momentos acerbos.
Mas para que nomeá-los,
imperfeitos gargalos?
''The Secret of Kells''
Há 800 anos A.C foi confeccionado um livro fantástico, ricamente ornamentado e ilustrado, seu nome: O Livro de Kells. Precisamente um manuscrito produzido por monges celtas, sendo descrito como a perfeição da caligrafia e iluminismo. Em seu conteúdo constam os quatro evangelhos da Bíblia, com muitos desenhos artísticos e coloridos, uma obra de arte rebuscada e de uma beleza magnífica. Tal peça realmente existe e está em permanente exposição na biblioteca do Trinity College, em Dublin.
A trajetória que deu origem a produção desta obra inspirou o nascimento de um outro livro, do gênero infantil: Brendan and The Secret of Kells. E baseado nesta literatura é que foi idealizada esta belíssima animação em 2-D, abreviada para apenas The Secret of Kells. Filme que concorre este ano ao Oscar na categoria, obviamente, de melhor animação. Ao que parece, o fato de aumentarem a quantidade de indicados ao prêmio foi uma atitude realmente positiva, afinal, mesmo que não ganhe estar participando já confere um destaque merecido a este trabalho. O filme é uma produção em conjunto entre Irlanda, França e Bélgica. O diretor é o estreante Tomm Moore, que escreveu o roteiro junto com Nora Twomey.
A co-produção de França, Bélgica e Irlanda é uma adaptação do livro infantil “Brendan and the Secret of Kells”. O filme se passa no século 9, acompanhando a história de Brendan, um menino de 12 anos que está estudando para ser um monge. Quando ele conhece um mestre ilustrador, sua visão da vida, da criatividade e da fantasia mudam. A partir de então, o garoto tem um novo objetivo: terminar de ilustrar o Livro de Kells. Para tanto, ele precisa se embrenhar na floresta e lutar com vikings que tentam dominar a Irlanda.
Ainda não há previsão de estreia no Brasil.
''Closed zone'', curta israelense
Este curta leva o espectador à crua realidade da faixa de Gaza através dos olhos de um menino que tenta inutilmente sair dela. "Closed zone" dura menos de um minuto e meio, realizado pelo cineasta israelense Yoni Goodman, consegue transmitir a ansiedade de viver em um território sob bombardeio constante.
Quase...
''Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um "quase!". É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.''
Sarah Westphal Batista da Silva.
''O Pequeno Príncipe'' (trecho)
''E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho.
Tu és bem bonita.
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o princípe, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa.
Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer cativar ?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
Significa criar laços...
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos.
E eu não tenho necessidade de ti.
E tu não tens necessidade de mim.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho.
Tu és bem bonita.
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o princípe, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa.
Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer cativar ?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
Significa criar laços...
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos.
E eu não tenho necessidade de ti.
E tu não tens necessidade de mim.
Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo... Mas a raposa voltou a sua idéia:
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música.
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música.
E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me!
Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.''
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me!
Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.''
''A dama e a morte'', curta-metragem
A história é sobre uma velhinha que deseja se unir ao seu marido que já partiu para o outro mundo. O problema é que ela se torna o centro de uma briga um tanto quanto diferente. Aproveite esta pérola em forma de animação.
''Não, não é cansaço'', Álvaro de Campos
Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
E um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...
Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.
(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)
Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
E um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...
Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.
(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)
Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!...
''Out of a forest'', curta dinamarquês
Out of a forest é um curta de animação filmado com a técnica de stop motion. Foi dirigido pelo dinamarquês Tobias Gundorff Boesen.
Out of a forest decorre em um bosque das imediações de Viborg, Dinamarca e conta a história de um coelhinho que é perseguido por um feroz lobo que tenta lhe comer. Vale a pena conferir!
Out Of A Forest from Tobias Gundorff Boesen on Vimeo.
Out of a forest decorre em um bosque das imediações de Viborg, Dinamarca e conta a história de um coelhinho que é perseguido por um feroz lobo que tenta lhe comer. Vale a pena conferir!
Out Of A Forest from Tobias Gundorff Boesen on Vimeo.
''O que há'', Álvaro de Campos
O que há em mim é sobretudo cansaço —
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimno, íssimo, íssimo,
Cansaço...
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimno, íssimo, íssimo,
Cansaço...
''Alma'', o curta
Este curta é bem interessante na medida que nos faz refletir sobre os perigos por trás das inocências aparências que por vezes somos confrontados.
Alma from Rodrigo Blaas on Vimeo.
Alma from Rodrigo Blaas on Vimeo.
''Quadrilha'' de Carlos Drummond de Andrade resume a armadilha que é essa vida
Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Drummond, nesta poesia mostra a eterna busca da felicidade amorosa que todos querem encontrar no próximo. Porém, nem sempre o próximo procura a felicidade no anterior e isso só leva à tristeza geral.
Não sou pessimista, mas por que tem que ser assim? É a lei natural das relações humanas?
Acho que hoje à noite vou dormir de novo com esta perturbação...
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Drummond, nesta poesia mostra a eterna busca da felicidade amorosa que todos querem encontrar no próximo. Porém, nem sempre o próximo procura a felicidade no anterior e isso só leva à tristeza geral.
Não sou pessimista, mas por que tem que ser assim? É a lei natural das relações humanas?
Acho que hoje à noite vou dormir de novo com esta perturbação...
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